A
Mesopotâmia é considerada um dos berços da civilização, já que foi na Baixa
Mesopotâmia onde surgiram as primeiras civilizações por volta do VI milênio
a.C. As primeiras cidades foram o resultado culminante de uma sedentarizarão
da população e de uma revolução agrícola, que se originou durante a Revolução
Neolítica. O homem deixava de ser um coletor que dependia da caça e dos
recursos naturais oferecidos, uma nova forma de domínio do ambiente é uma das
causas possíveis da eclosão urbana na Mesopotâmia.
A partir do
III milênio cidades como Ur, Uruk, Nipur, Kish, Lagash e Eridu e a região do
Elam se desenvolvem e a atividade comercial entre eles se torna mais intensa.
Os templos passam a gerir a economia e muitos zigurates ( é uma forma
de templo, criada pelos sumérios e comum para os babilônios e assírios,
pertinente à época do antigo vale da Mesopotâmia e
construído na forma de pirâmides planadas.) são construídos .
Porém,
Richard Leakey, em seu livro A evolução da Humanidade, relata como
Jack Harlan demonstrou que coletores poderiam ter um armazenamento de alimentos
significativo: sua experiência se deu utilizando uma foice de sílex colhendo
trigo e cevada selvagens. Portanto, as primeiras comunidades que abandonam o
nomadismo poderiam ser de caçadores-coletores não restringindo o sedentarismo
unicamente à agricultura ou a domesticação de animais, o que também se fez
importante nesse processo de urbanização.
O surgimento
dos primeiros núcleos urbanos na região foi acompanhado do desenvolvimento de
um complexo sistema hidráulico que favorecia a utilização dos pântanos,
evitava inundações e garantia o armazenamento de água para as
estações mais secas. Fazia-se necessária a construção dessas estruturas para
manter algum tipo de controle sobre o regime dos rios Tigre e
Eufrates. A princípio se acreditou que a construção desse sistema de irrigação
fosse responsável por determinar um controle rígido e despótico da sociedade
pelos governantes, como sugere a "hipótese causal hidráulica"
de Karl August Wittfogel. No entanto, descobertas recentes têm verificado
que o processo de canalização e controle das enchentes periódicas dos rios foi
de longa duração, e as obras de engenharia mais complexa foram realizadas
apenas no período helenístico. Esses rios gêmeos, em função do relevo que
os envolve, correm de noroeste para sudeste, num sentido oposto ao rio
Nilo, sendo as enchentes na Mesopotâmia muito mais violentas e sem uniformidade
e a regularidade apresentada pelo Nilo. " A recompensa - terra
para lavrar, água para irrigar, tâmaras para colher e pastos para a criação -
fixou o homem à terra" (PINSKY, 1994) Somente o trabalho coletivo
permitiu que se pudesse dominar os rios, o homem que se afastava das cidades se
afastava das áreas irrigadas, pondo-se à margem desse processo.
Os
mesopotâmicos não se caracterizavam pela construção de uma unidade política.
Entre eles, sempre predominaram os pequenos Estados, que tinham nas cidades seu
centro político, formando as chamadas cidades-estados. Cada uma delas
controlava seu próprio território rural e pastoril e a própria rede de
irrigação. Tinham governo e burocracia próprios e eram independentes. Mas, em
algumas ocasiões, em função das guerras ou alianças entre as cidades, surgiram
os Estados maiores, sempre monárquicos, sendo o poder real caracterizado
de origem divina. Porém, essas alianças eram temporárias. Apesar de
independentes politicamente, esses pequenos Estados mesopotâmicos eram
interdependentes na economia, o que gerava um dinâmico processo de trocas.
Segundo Pierre Lévêque "o Estado mesopotâmico é, primeiro que tudo, uma
cidade, à qual o príncipe está ligado por estreitos laços; é igualmente uma
dinastia, legitimação do seu poder".
Os vestígios
arqueológicos são limitados e por isso não se pode definir como a organização
política e social se dava exatamente dentro de algumas dessas primeiras
cidades. Uma das fontes de referência para o estudo da Mesopotâmia, que não um
dos documentos encontrados nas escavações na região, é a bíblia. Nela se fazem
referências as cidades de Ura, Nínive e Babilônia .
Muitas das histórias presentes no Antigo Testamento são possivelmente
derivadas de tradições dessa região, por exemplo o dilúvio. Os autores da
Antiguidade como Heródoto, Beroso, Estrabão e Eusébio também fazem
referências à Mesopotâmia. Por isso ao estudar a Mesopotâmia deve-se atentar
para a construção de uma proto-história baseada em evidências fragmentadas e
esparsas, já que as escavações só se iniciam a partir do século XIX,
e ainda hoje muitas lacunas estão expostas.
Cronologia
dos principais eventos
6 000-5 000 a.C.
- 5 000 a.C.
- 3 000 a.C.
- 2 500 a.C.
- 2 000 a.C.
- Primeira civilização assíria.
- Invasão dos hititas.
- 1 900-1 200 a.C.
- 1 290 a.C.
- 1 200 a.C.
- Fim do reino babilônico e
dominação assíria na Mesopotâmia.
- 1 100 a.C.
- 700 a.C.
- 600 a.C.
- 550-331 a.C.
- 331 a.C.
século XIX,
e ainda hoje muitas lacunas estão expostas.
A
Mesopotâmia localiza-se no Oriente Médio, delimitada entre os vales dos rios
Tigre e Eufrates, ocupado pelo atual território do Iraque e terras próximas.
Desenho ilustrativo
da mesopotâmia antigamente.
Mesopotâmia
nos dias atuais.